Miya-san

Esta semana o grande mestre Hayao Miyazaki fez 74 anos, então nada mais justo do que dedicar este post a ele.

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No entanto, o post é sobre ele através do documentário The Kingdom of Dreams and Madness (2013), dirigido pela quase-novata Mami Sunada. Envolvida com documentários desde 2006, esse é o segundo filme que dirige – e roteiriza e filma e edita.

Logos nos primeiros segundos do longa, temos a sensação de estar vendo um desenho, só que de verdade. Paisagens naturais nos são apresentadas, então adentramos um prédio bem iluminado onde somos quase recebidos por um grande Totoro de pelúcia. Enquanto isso, uma suave voz em off nos conta sobre o que veremos.

Ao longo das quase 2 horas de filme, Sunada nos leva para dentro do estúdio Ghibli, onde vemos pessoas trabalhando com lápis, papel e pincéis – o modo Ghibli de se fazer animação em pleno século XXI. Aprendemos que Miyazaki trabalha todos os dias das 11h às 21h, inclusive sábados e feriados, que toma Yakult diariamente e fuma muito. Com sorrisos e risadas de sobra, é um homem de decisões rápidas, cuja rotina diária envolve necessariamente observar o céu, a natureza e as pessoas, e cumprimentar as crianças no berçário.

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O filme foi rodado em uma época muito feliz, tempo do desenvolvimento e conclusão do último filme do diretor – The Wind Rises. Miyazaki não escreve roteiros, desenha direto storyboards, e é esse desenhar que acompanhamos dia após dia. Observar seu trabalho, que é costurado com lembranças de seu pai e de sua infância no tempo da guerra, pouco a pouco nos dá a sensação de conhecer mais Miya-san, e entender melhor sua obra.

Além dele, o documentário nos mostra de perto a rotina de Toshio Suzuki, o produtor herói da Ghibli, e nos conta as fofocas a respeito de Isao Takahata – o trio alma do estúdio.

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Com um quê de melancolia e reprovação da pós-modernidade, Miyazaki pergunta se os filmes ainda têm algum sentido ou alguma valia. Acredito que ele como personagem, e Mami Sunada, como diretora, nos respondem essa pergunta – e a resposta dada é absolutamente positiva : )

Arigato, Miya-san!