Little (big) Nightmares

Alguns meses atrás estava passeando pela Steam Store e dei de cara com esse jogo: Little Nightmares. Ele era, e é, visualmente incrível. A personagem, uma pequena menina de capa amarela, transitava por cenários familiares, como uma biblioteca ou uma cozinha, desproporcionalmente enormes. Pequenina, ela corria, fugindo de criaturas hediondas, segurando apenas um isqueiro.

Com indicação de “puzzle” e esse visual, deixei passar desapercebida uma questão totalmente relevante: o fato de ser um jogo de terror. Então o que me parecia ser um jogo  normal (leia-se: de não-terror), apenas com uma ambiência creepy, logo se mostrou um passa-tempo de alta tensão. Se a ideia era jogar um jogo pra relaxar, bom, nunca errei tão terrivelmente.

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Entre uma sessão de jogo e outra eu sempre voltava falando “É horrível!!!!”. E é mesmo. Mas o que é horrível? Bom, entramos no jogo sem muita introdução. A personagem principal é uma menininha que, conforme já disse, dispõe apenas de um isqueiro. Quando fica muito escuro, você pode acendê-lo, mas ele não oferece nenhuma proteção contra as criaturas com que você cruza.

Desde sanguessugas do seu tamanho a gordos-enlouquecidos-que-comem-sem-parar-e-surtam-quando-veem-você-e-te-pegam-e-te-comem, o jogo oferece uma sequência de situações das quais você tem que fugir ou tem que dar um jeito de driblar. No mais, você morre reiteradamente, até aprender … a não morrer. Basicamente, os puzzles são puzzles de sobrevivência.

O que achei realmente interessante e, pra mim foi também uma grande novidade, é a maneira como o jogo nos coloca as situações de medo. Me ocorreria a possibilidade de lutar e destruir o monstro, ou, esperar que ele vá embora para que então você possa transitar pelo cenário, ou, algum truque para levar os monstros para um lado enquanto você corre para o outro, ou, ou, ou…

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Mas não. Aqui, em Little Nightmares, você tem que realmente aprender a conviver com o terror. O monstro está ali e você também. Você pode ser esperto, rápido, furtivo, mas o monstro continua ali… Pouco a pouco, o terror vai se tornando apenas um estado constante de tensão, o que reitera o que comentei antes: este não é um jogo para relaxar. Mas talvez seja, sim, um jogo para aprender a conviver com o terrível que nos cerca diariamente.

 

O jogo foi desenvolvido pela Tarsier Studios, uma empresa sueca de jogos. Este é o primeiro jogo deles lançado também para PC, pois, até então, todos eram apenas para PlayStations em suas diferentes versões. Ele é de 2017 e, pelo que vi, suscitou críticas variadas: desde ‘excelente!’ até ‘não há um enredo que justifique que eu continue jogando’. Concordo muito mais com a primeira opinião. De fato, é um jogo horrível, ele não é para relaxar, mas existem momentos extremamente surpreendentes no desenvolvido da história e da personagem que fazem com que o enredo solto não seja, ao menos pra mim, um problema.

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