Sky Crawlers (2008) é uma animação assinada pelo grande Mamoru Oshii, diretor do clássico Ghost in the Shell (1995) e de outros filmes não tão aclamados – mas também geniais.
Quando descobri o filme, a capa me deu a impressão de que se tratava de um filme dinâmico, cheio de violência e barulho. Qual não foi minha minha surpresa ao vê-lo!
O filme é bastante silencioso, com pontuais participações da trilha de Kenji Kawai (também Ghost in the Shell), e igualmente lento. A animação tem traços bem clássicos, contando basicamente com cores pasteis, e mistura 2D com 3D – nos indicando já na estética que as máquinas são mais reais do que os próprios personagens. A produção é do estúdio IG, responsável por toda a saga Ghost in the Shell (três séries + três longas) e o resultado dessa parceria, como sempre, é excelente.
A história é complexa e se passa em um tempo não definido, um tempo que parece passado mas que conta com elementos futuristas, como homens geneticamente modificados que nunca envelhecem – os kildrens. O enredo gira em torno de Yuichi Kannami, um piloto que é designado para a base aérea 262. Desde sua chegada somos apresentados a uma série de elementos não resolvidos e mal respondidos que vão construindo a trama entre ele e a chefe Suito Kusanagi.
A história retoma temas que são caros a Oshii: almas sem corpos e corpos sem alma. Para evitar spoilers, digo apenas que esse universo em que o tempo é indefinido e que as máquinas são hiper-realistas, mesclados com a permanência (ou não) dos ghosts, resulta numa sensação de irrealidade que é marca registrada de Oshii.
Ao fim do filme (que merece ser visto até o final dos créditos), nos resta pensar o quanto esquecer e repetir faz parte, também, das nossas vidas.
Certamente um filme de arte : )
“almas sem corpos e corpos sem alma”